A ordem do tempo
“O que somos, somos no tempo.”
Essa frase está logo no início do livro e me surpreendeu. Escolhi esse livro sabendo que era sobre o tempo e escrito por um físico. Então, imaginava que seria uma leitura mais técnica e didática, como tantos outros livros que já li sobre o tema. Mas quando abri o livro e li “o que somos, somos no tempo”, confesso que sorri, pois as questões que me interessam sobre o tema sempre foram elaboradas a partir do que experimentamos, do que sentimos, do que somos nessa experiência temporal. E foi justamente aí que o livro me ganhou. É uma obra de um físico sobre um tema bem complexo, mas que consegue romper as barreiras técnicas e se instalar no nosso universo subjetivo. Carlo Rovelli faz com que a gente pense, aprenda, questione, mas também sinta a nossa experiência com o tempo.
O livro está dividido em três partes:
- Na primeira temos um resumo sobre o que a física moderna compreendeu sobre o tempo. E o autor já nos adianta: “É como segurar um floco de neve: à medida que o estudamos, ele derrete por entre os dedos até desaparecer.”
- A segunda parte descreve o que sobra no fim. E Carlo nos fornece uma imagem muito poética: “uma paisagem vazia e exposta ao vento, que parece ter perdido qualquer vestígio de temporalidade.”
- E a terceira parte, onde ele expõe como o tempo se manifesta ao nosso redor, é quando a temática mais se aproxima de nós.
É um livro que vale cada linha e cada minuto. Se permita fazer uma leitura lenta, sem pressa de esgotá-lo. O autor nos oferece muitas referências da física, mas também da literatura, da filosofia e da vida. Se permita usufruir de tudo isso. Se você sentir dificuldade com alguns conceitos, não interrompa a leitura, pesquise os termos que você não entendeu, veja alguns vídeos no YouTube do autor, leia mais de uma vez o mesmo capítulo e lembre-se que você está diante de um dos grandes mistérios da vida: a natureza do tempo.
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