O nosso “como”
Olá, seja bem-vinda (o)!
Meu nome é Carla Paiva e estou à frente do projeto Como Leio. Ainda não temos nem um ano, mas já temos um percurso de criação de conteúdos para o perfil do Instagram (@comoleio) e também de metodologia criativa no Como Leio Lab. Como o nosso próprio nome diz, nos interessamos pelo processo, pelo caminho que cada um faz na sua leitura, seja do jornal diário, de romances, livros de não ficção ou, simplesmente, daquela citação encontrada por acaso no feed de alguém, que faz você parar e pensar um pouquinho no que está sentindo. Desde o início, eu sabia o que estava no centro do meu interesse – a leitura, como processo.
Em pouco tempo produzindo os conteúdos no Instagram, percebi aquilo que gostava, as minhas dificuldades e também aquilo que não me fazia sentido. A vida digital se tornou um constante loop, onde ficamos horas passando o dedo na tela e não nos relacionando de fato com quase nada. E tudo aquilo que existe por trás de um post não é acessado: a leitura, pesquisa, escolhas, reflexão, referências e o processo. Percebi que não iria topar trabalhar conforme os modelos impostos pelas redes, pois a velocidade é uma coisa que pessoalmente não me faz bem. Preciso de tempo para estudar, para elaborar e ainda mais para escrever. E não quero postar algo com que eu não tenha me relacionado, então os livros são lidos, sentidos e pensados. As frases escolhidas, os temas levantados e estudados e toda atividade da Como Leio é desenvolvida com calma e cuidado. E cuidado exige tempo.
Estou contando tudo isso para apresentar o site novo que foi desenhado pensando no que a Como Leio pode e quer oferecer. Teremos um ambiente online para cursos, oficinas, experiências e também esse espaço do blog. Por que me animei com a ideia de ter um blog da Como Leio? Porque aqui posso mostrar o processo, o caminho que percorri para que um determinado conteúdo ganhasse forma. Aqui teremos espaço para enumerar as referências usadas, além dos pensamentos e sentimentos que permearam as escolhas. Poderemos trocar com mais calma e sem se preocupar com os números de caracteres usados.
A frequência do perfil da @comoleio no Instagram é de duas vezes na semana: todas as segundas e quintas e, na quarta trazemos ainda uma tirinha ou arte sobre o universo dos livros nos stories. Por aqui, no Blog Palavras e Processos, teremos uma postagem por semana. Os conteúdos serão relacionados com o perfil da @comoleio, mas a diferença será no formato. Aqui postarei as leituras que faço dos livros escolhidos, com mais detalhes e também com uma curadoria do que estudei para escrever essas reflexões. E também trarei textos sobre os temas que me são caros sobre a leitura: atenção, experiências, concentração, excesso de informação, escolhas, sensações e dificuldades encontradas pelo caminho.
E assim, vamos juntas (os) ocupar esse tempo e espaço que a leitura nos proporciona. E para começar quero dividir com você o caminho pelo qual cheguei ao nome do projeto – Como Leio. Sabia que queria algo relacionado ao processo de leitura, o modo de questionar, de sentir e de pensar que os livros nos oferecer. E, um belo dia, tropecei em um texto de Clarice Lispector chamado “Como se chama”, do livro “Para não esquecer”. Na hora que terminei de ler, pensei: é justamente isso que me encanta na leitura, poder perguntar como se chama, como se sente, como posso me deslocar, como…
“Se recebo um presente dado com carinho por pessoa de quem não gosto – como se chama o que sinto? Uma pessoa de quem não se gosta mais e que não gosta mais da gente – como se chama essa mágoa e esse rancor? Estar ocupada, e de repente parar por ter sido tomada por uma desocupação beata, milagrosa, sorridente e idiota – como se chama o que se sentiu? O único modo de chamar é perguntar: como se chama? Até hoje só consegui nomear com a própria pergunta. Qual é o nome? E é este o nome.”